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Carlos
Chagas hoje M�rcio Almeida (Especial para a GM) Comemoram-se, em n�vel nacional, a partir de maio, 90 anos da descoberta da doen�a de Chagas e o centen�rio da Funda��o Oswaldo Cruz, numa promo��o da Fiocruz, Centro de Pesquisa Ren� Rachou e Associa��o Brasileira de Sa�de Coletiva Abrasco. Al�m das justas homenagens, o evento em si tem implica��es sociais, pol�ticas, econ�micas, cient�ficas e culturais que necessitam ser resgatadas. H� cerca de 18 milh�es de pessoas infectadas pelo Trypanosoma cruzi na Am�rica Latina, de cujo contingente 6 milh�es de portadores da doen�a s� no Brasil. O que � pior: descoberta em Lassance, MG, em 1909, a doen�a de Chagas at� hoje � incur�vel. N�o existe, apesar de toda sorte de pesquisas competentes feitas no pa�s e no exterior, um ant�doto capaz de debelar de modo definitivo esse flagelo. H�, sim, um esfor�o continental para alcan�ar o controle da doen�a at� a pr�xima d�cada. Muito mais que hist�ria, a doen�a de Chagas � um fato cient�fico vigente para o qual � imprescind�vel chamar a aten��o � sua pertin�ncia social contempor�nea: a doen�a inviabiliza o trabalho de parte da popula��o e as pesquisas mais recentes detectaram que o seq�enciamento do c�digo gen�tico do Trypanosoma cruzi determina as dificuldades para o desenvolvimento de uma vacina contra a tripanosom�ase americana, denomina��o com que o cientista oliveirense chamava a doen�a por ele descoberta. Alguns aspectos dessa pertin�ncia s�cio-cient�fica n�o poder�o ficar � margem do conhecimento, justo na terra do cientista. E, para tanto, como cidad�o oliveirense, como ex-Coordenador-Geral do Memorial Carlos Chagas, mediante comunica��o da efem�ride a mim feita pelo cientista Carlos Chagas Filho, tomei a iniciativa de apresentar � Selctur e � Casa de Cultura Carlos Chagas um projeto de car�ter interativo, no qual prop�e-se a realiza��o de atividades locais conscientizadoras tanto do legado de Carlos Chagas quanto da import�ncia atual da doen�a por ele descoberta. O projeto foi, conforme recomenda��o do pr�prio Dr. Carlos Chagas Filho, enviado a Dr. Paulo Gadelha, da Fiocruz e coordenador nacional do evento. Aprovado por este, pela Selctur e pela Casa da Cultura Carlos Chagas, buscou-se formalizar, junto aos �rg�os municipais citados, uma comiss�o para assumir a responsabilidade de incluir a terra de Carlos Chagas no roteiro das comemora��es, que ser�o realizadas tamb�m em Belo Horizonte, Bambu� e Lassance. A comiss�o vem sendo composta. O que se espera do evento em Oliveira? Inicialmente, um trabalho concomitante e coeso com a Fiocruz, sobretudo em n�vel da exposi��o, na Casa de Cultura, das se��es e m�dulos previstos: ci�ncia e sa�de da capital ao sert�o; moderniza��o, saneamento urbano e ci�ncia pausteuriana; Minas Gerais: o cen�rio da descoberta; a ci�ncia descobre o Jeca Tatu; o tema de uma vida; inseto, microorganismo e o homem; a ci�ncia da doen�a de Chagas; as tarefas da ci�ncia; al�m da disponibiliza��o, pela Internet, de amplo conjunto de informa��es e documentos sobre a vida e a obra do cientista. Com a mesma relev�ncia, e � este o projeto de minha autoria resgatar, atrav�s do legislativo municipal e do deputado federal Eliseu Resende, junto ao governo Itamar Franco e em car�ter definitivo, o Memorial Carlos Chagas, criado pelo decreto-lei n.� 8.479, de 1.� de dezembro de 1983, sancionado pelo ex-governador Tancredo Neves, mediante proposta do cardiologista e ent�o deputado estadual S�lvio Mitre. Instituir concurso estudantil para o 2.� grau sobre o tema A Import�ncia Social, Pol�tica, Sanit�ria, Cient�fica e Cultural da Doen�a de Chagas no Brasil e a Pesquisa Realizada no Mundo para Minimizar o Flagelo. Propor � Secretaria Municipal de Educa��o um trabalho conjunto com entidades como IEF, Ibama, Sindicato dos Agricultores, SAAE, Rotary Clube, Lions Clube, ma�onaria, igrejas, agentes culturais, imprensa, outros, e os segmentos docentes e discentes de 1.� e 2.� graus, objetivando a conscientiza��o plena da import�ncia do cientista Carlos Chagas e de sua descoberta. Inclui-se, nessa atividade, um trabalho perform�tico-cient�fico com os grupos de teatro Olha o Bicho, Protozo�rios Contadores de Casos e Abertura, em todas as escolas urbanas e rurais. Promover, atrav�s da Selctur/Casa da Cultura, um ciclo de confer�ncias sobre a doen�a de Chagas e seu descobridor, com cientistas como Dr. Jo�o Carlos Pinto Dias e Dr. Paulo Gadelha, da Fiocruz. Promover, na Casa de Cultura, exposi��o de objetos do cientista Carlos Chagas, inclusive reprodu��o da cafua, do barbeiro e da Fazenda do Bom Retiro em esculturas do artes�o Leonardo Le�o. O Carlos Chagas que ningu�m conhece O cientista oliveirense n�o foi autor somente da descoberta da doen�a de Chagas, m�rito sem d�vida que o tornou uma refer�ncia cient�fica mundial. Em apenas 56 anos de vida (18781934), contra as adversidades da pobreza, da inveja e maledic�ncia de pr�ceres da classe m�dico-cient�fica de sua �poca, de uma vida atribulada em condi��es muito prec�rias � pesquisa de campo realizada na Amaz�nia, na baixada santista, em Lassance e no Rio de Janeiro; da inger�ncia de pol�ticos no seu trabalho e da campanha depreciativa de sua genialidade humilde impetrada por parte da imprensa marrom, sobretudo da d�cada de 20, entre outras vicissitudes, Carlos Chagas realizou muito e seu legado imp�s-se em todo o mundo e vige pela import�ncia dos seus atos pessoais e sua lealdade pragm�tica ao juramento de Hip�crates. Chagas foi o precursor da medicina social no Brasil. Foi um competente homem de laborat�rio, um cl�nico com rara perspic�cia no discernimento de diagn�sticos, enfim, como ressalta com justi�a seu filho, um inovador na pesquisa protozool�gica, na pesquisa biol�gica, no campo da sa�de p�blica e no da administra��o hospitalar. Com a utiliza��o da queima de piretro, produto sulf�reo que elimina o mosquito alado, Chagas deu in�cio � desinfec��o domicili�ria, originando o DDT que tornou poss�vel a elimina��o da mal�ria em muitas regi�es do mundo, descoberta reconhecida em 1923, em Roma. Ao descobrir o Trypanosoma cruzi, Chagas detectou tamb�m um outro protozo�rio denominado Pneumocystis carinii, alojado nos pulm�es dos pequenos macacos. Estava a� a proto-descoberta da causa da Aids (isso em 1909!), pois o pneumocystis carinii produz uma pneumonia de c�lulas plasm�ticas intersticiais, analisa Chagas Filho, tornando-se parasito significativo no organismo ao promover a s�ndrome de imunodefici�ncia adquirida produzida pelo v�rus HIV. Carlos Chagas, como diretor do Instituto Oswaldo Cruz (191734) concluiu o hospital daquela entidade destinada � interna��o de casos de doen�as infecto-contagiosas e para l� levou os maiores nomes m�dico-cient�ficos do pa�s. Chagas foi o primeiro brasileiro a ser distinguido com o t�tulo Honoris Causa, concedido pela Harvard University, em 1921. Em 1925, anfitrionou em Manguinhos a visita de Albert Einstein. Recebeu distin��es em reconhecimento ao seu trabalho cient�fico-social tamb�m da rainha Elisabeth, da Inglaterra, e do rei Alberto da B�lgica. O cientista foi respons�vel pelo debelamento da gripe espanhola que matou centenas de milhares de brasileiros, chegada ao pa�s em 1918 a bordo do navio brit�nico S. S. Demerara. De grande m�rito sanit�rio foi tamb�m a Reforma Carlos Chagas empreendida quando na dire��o do Departamento Nacional de Sa�de P�blica, ocasi�o em que Miguel Pereira cunhou a express�o o Brasil � um grande hospital , tamanha a prolifera��o de doen�as da mis�ria no pa�s. E foi Chagas que, com apoio irrestrito da Funda��o Rockfeller, criou a Escola de Enfermagem Anna Nery, em 1925; mas antes, desde 1916, o cientista havia inaugurado, com o governo brasileiro, os primeiros postos de profilaxia rural em diversas regi�es do pa�s. Epit�cio Pessoa, em 1923, contra o movimento anti-chaguista caracterizado por ciumada positivista, do qual participaram Figueiredo Vasconcellos, Parreiras Horta, Afr�nio Peixoto, Astreg�sylo de Atha�de e na Argentina Rudolf Kraus, escreveu: A mediocridade n�o perdoa ao talento como a treva n�o perdoa � luz. [�ndice] |
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